Os Três Porquinhos fazem um amigo inseparável...

Os Três Porquinhos fazem um amigo inseparável...

Ligia Deslandes

"Era uma vez um lobo solitário que queria muito ter amigos. Nas suas andanças procurando um amigo encontrou um porquinho que vivia numa casa de palha. O porquinho olhou o lobo pela janela e ao ver sua aparência, preto, alto, forte, uma boca enorme e cheia de dentes, ficou desconfiado e não abriu a porta.

O lobo gritava para o porquinho. Eu quero ser seu amigo! Eu quero ser seu amigo! E de tanto gritar e por ser forte e grande, a força de seu grito fez desmoronar a casa de palha do porquinho que já estava discriminando o lobo por sua aparência, mais assustado ainda ficou e fugiu. O lobo foi atrás do porquinho gritando: Eu quero ser seu amigo!  Eu quero ser seu amigo!

O porquinho entrou na casa de madeira de seu irmão e lá ficou. O irmão do porquinho olhou o lobo e julgando-o como seu irmão pela aparência não abriu a porta! O lobo continuou a gritar: Quero ser seu amigo! Quero ser seu amigo! E de tanto gritar e seu grito era forte, derrubou a casa de madeira do irmão do porquinho, que abrigava os dois porquinhos que também não tinha alicerces como a casa de palha. Os dois porquinhos fugiram para a casa de tijolos de seu outro irmão e o lobo foi atrás, sempre gritando: Eu quero ser seu amigo! Eu quero ser seu amigo!

O terceiro irmão também discriminou o lobo pela sua aparência e não deixou ele entrar na casa. E o lobo continuou gritando. Depois de algum tempo, começou uma chuva torrencial. E o lobo lá fora gritando: Eu quero ser seu amigo!

Só então, os porquinhos admirados pela constância do lobo em continuar ali gritando na chuva, resolveram sair para saber o que ele queria. Ouviram então o lobo emocionado dizer: Eu quero ser seu amigo! Juntos podemos mais!

Ainda desconfiados, chegaram perto do lobo, que todo molhado os abraçou e só então, só então mesmo, eles deixaram o lobo entrar na casa. E dali em diante lobo e porquinhos se tornaram amigos inseparáveis cada um fazendo o que sabe para tornar a vida na floresta um pouco melhor."

...

Reproduzido de uma estória contada aos netos de Ligia Deslandes por seu filho de 25 anos em "As ideologias que ensinamos às crianças"
22 jul 2012

Para o Allan Deslandes, contador dessa história:

Oi Allan, tudo bem?

Sua história surpreendente dos 3 porquinhos e o lobo vai correndo o mundo e arrancando suspiros de admiração de muita gente. Feliz sacada que você teve e compartilhou com os netos de sua mãe, e que repartimos com outras crianças nas escolas não só apenas como "politicamente correto", mas sobretudo como "espiritualmente esquecido" em nossos diálogos com os filhos e a meninada em nossas vidas.

É certo que as histórias, fábulas e contos infantis cumprem ao longo dos séculos um papel de nos preparar, alertar, ajudar a refletir sobre as estranhices do mundo em que vivemos, e mais sábio ainda quando atingindo certo nível de consciência percebemos e ajudamos às crianças a superarem os traumas das gerações passadas, a se conectarem com valores que as inspirem a dar outros passos em direção a um mundo melhor para todos, a ver tudo e a todos com outros olhos, com cores de com-paixão.

Como cidadãos de direitos e de dignidade, como a-sujeitos que reproduzem a tristeza ou sujeitos ou constroem a própria história, ou como seres que re-cordam, re-brotam, re-partem e re-criam valores espirituais universais pelos campos do mundo, é lindo  saber de tais cenas paternas e "avóternas" resgatando uma sabedoria esquecida e que re-vira-volta o mundo ins-pirando a criançada a re-ler e re-escrever todas as histórias a partir de sua sensibilidade aguçada, antenada, atenta, esperta e cheia de alegria por uma Terra do Bem Viver que vai se realizando nesses contos e en-cantos.

Re-invente outras histórias e com-partilhe conosco mais desse seu amor incondicional, para que mais pessoas se co-movam e re-en-cantem a vida e re-criem belezuras no cotidiano dos lares, escolas, praças, ruas e jardins desse mundo que já vai quase esgotado por tantas tristezas perpetuadas pelos infelizes.

Sua história cheia de sentimentos e pensamentos pela amizade certamente se e-ternuriza no peito e na mente dos que despertam nesses dias para celebrar o contentamento de outras aventuras e bem-aventuranças possíveis nesse Espaço/Tempo de Des-cobertas que seguem com boa-vontade os que realizam seus sonhos de ventura.

Um abraço procês e muito obrigado por essa lindeza.


Leo Nogueira Paqonawta
27 jan 2014

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